Martha, sempre Martha Medeiros

13 jan 2011

silencio

“Pior do que uma voz que cala, é um silêncio que fala.”

Então, parei para interpretar a frase acima e …
imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio
me disse verdades terríveis pois, você sabe,
o silêncio não é dado a amenidades.

Um telefone mudo.

Um E-mail que não chega.

Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.

O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras
que são ditas indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.

Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados.

Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar:

” Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando! ”

É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem vindo.

Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo.

Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente.

Para os seguranças de um show de rock, o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim você entende a mensagem…

(Martha Medeiros)