O Enigma de Joan Clarke

09 mar 2015

unnamed (1)

Um dos melhores filmes que assisti recentemente foi O Jogo da Imitação!

Ele estreiou no Brasil em final de janeiro. Morten Tyldum, conta a trajetória de Alan Turing, um matemático inglês conhecido por quebrar códigos de mensagens secretas nazistas durante a 2a. Guerra Mundial. Os Aliados (EUA, Reino Unido e União Soviética) constituíram um grupo de cientistas, na tentativa de decodificar as máquinas Enigma, uma espécie de bisavó dos sistemas de criptografia modernos.

Turing teve um papel inconstestável no desenvolvimento da ciência da computação, na construção do conceito de algoritmo. São esses algoritmos que permitem ao Google, nos tempos atuais, processar seus incríveis sistemas de busca e sugestão de conteúdo.

Só que por trás de Turing existia uma mulher – Joan Clarke.

Todos sabem que sou Matemática, fiz Ciência da Computação e trabalho há mais de 30 anos em Tecnologia da Informação.

Tendo essa essência lógica e numérica, fiquei absolutamente fascinada pelo filme, um relato de guerra, com muito preconceito sexual e muita pressão por resultados num projeto em que a todo o momento enquanto vidas se perdiam nos campos de batalha, desvendar os mistérios das comunicações criptografadas era uma corrida contra o relógio!

Quando adolescente passava horas com charadas matemáticas, decodificação de códigos, devorava livros de curiosidades matemáticas e não foi à toa que me formei numas das primeiras turmas da Universidade Federal do Rio de Janeiro de Ciência da Computação, ainda em processo de tramitação e reconhecimento de curso no MEC. (sim, eu sou jurrássica!)

Em Tecnologia muito se fala de Charles Babbage como precursor dos computadores, mas como sempre, pouco de comenta sobre o papel das mulheres na formação dessa ciência!

E não foram poucas as Incríveis Mulheres que projetaram nosso futuro no mundo da tecnologia da Computação!

Fiquei muito curiosa em estudar mais e mais sobre essas mulheres que traçaram nosso futuro e homenageá-las no Mês das Mulheres!

Escolhi Joan Clarke para dar início a série de relatos sobre essas mulheres geniais que ousaram brilhar por sua inteligência matemática numa época em que deveriam estar bordando, cozinhando e cuidando de seus filhos.

unnamed (2)

unnamed (3)

Joan Elisabeth Lowther (Clarke) Murray, inglesa, nascida em Londres, viveu de 1917 a 1996.

Joan estudou na Dulwich High School for Girls no sul de Londres e conquistou uma bolsa de estudos para a Newnham College, em Cambridge.

Ela foi primeira aluna de classe e se graduou com louvor em cadeiras como  Matemática e Argumentação.

Porém ela teve seu direito à gradução completa  negado, pois havia uma  política em vigor na Universidade de Cambridge de atribuição de diplomas apenas para os homens. (política revogada em 1948).

Em 1940 ela foi recrutada por seu supervisor acadêmico para atuar com criptografia no Government Code and Cypher School (GC&CS) situado no Bletchley Park. Foi um processo difícil pois houve reações de seus pais pois ela teria que morar no alojamento do Centro de Inteligência Secreta, o que não ficava bem para uma moça solteira.

Em 1944 era já era a segunda voz de comando do Centro de Inteligência.

Joan foi uma das mentes brilhantes responsáveis pela quebra das mensagens secretas nazistas, contribuindo de forma fundamental para o fim à Segunda Guerra em 1945.

Em 1947 foi a agraciada como Membro da mais Excelente Ordem do Império Britânico, por seu trabalho no Projeto Enigma.

Ela foi uma matemática extremamente talentosa, tendo sido muito reconhecida pela sociedade Britânica de Matemática em 1986 e condecorada com a Medalha de Ouro de Stanford Saltus.

Como toda pessoa ela tinha hobbies e havia em especial uma paixão por jogos de Xadrez, Jardinagem e Tricô.

Nessa minha pesquisa sobre as mulhres que marcaram a história da tecnologia, é fato comum que infelizmente, as mulheres sempre atuavam de “maneira discreta”, nunca como protagonistas e sempre como figurantes.

 

Turing foi reconhecido como uma das personalidades mais importantes do mundo da tecnologia apesar de todo preconceito que sofreu na década de 1950, por ter assumido sua homosexualidade.Porém Joan não pode ser esquecida pela história,
Joan é um nome que nós mulheres, não só as matemáticas e de tecnologia, mas todas as usuárias dos algoritmos computacionais, temos que conhecer e  recordar por muitas e muitas gerações.