Guerreiro Menino

04 out 2010

Lembra dessa música? Lembra do Gonzaguinha?

Eu sempre fui apaixonada pelas músicas do Gonzaguinha.

E eu me acabei de tanto chorar quando soube do acidente que matou o Gonzaguinha…

Talvez tenha sido a morte de celebridade que eu mais chorei, por uma estrela de alta grandeza que foi nos iluminar Lá de Cima.

E me peguei cantando essa música hoje…..

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas

Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura

Guerreiros são pessoas,
Tão fortes, Tão frágeis,
Guerreiros são meninos
No fundo do peito…

Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem refeitos…

E triste ver meu homem
Guerreiro menino
Com a barra do seu tempo
Por sobre os seus ombros…

Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que tem no peito
Pois ama e ama

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho…

E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, Se mata…

Não dá prá ser feliz..
Não dá pra ser feliz…

Não dá prá ser feliz…
Não dá prá ser feliz..
Não dá prá ser feliz..

E fiquei me perguntando porque, do nada, comecei a cantarolar essa música hoje.

E me dei conta que tenho ficado impressionada com homens que choram, com adultos que se emocionam nas circunstâncias do cotidiano e que não têm vergonha em expressar essa emoção.
Eu acredito que dentro de nós, adultos, reside a nossa criança, que ela fica lá reprimida, esquecida, mas que ela está lá nos espreitando, nos censurando por sermos críticos, sérios, responsáveis demais.
Eu acredito que essa criança aparece em nossos sonhos, aparece em hábitos especialmente quando envelhecemos, aparece quando estamos brincando com nossos filhos, aparece quando voltamos em lugares que mexem com a nossa memória.

abel

E o elo em minha memória que disparou a lembrança da música do Gonzaguinha foi ter assistido a uma cena emocionante no sábado, que foi:

Estive num colégio, que não conhecia, acompanhando um exame admissional.

Observei um pai chegando com seu filho para fazer a prova. Após a palestra aos pais num auditório, a Diretoria convidou os pais a conhecerem o Colégio. E havia uma galeria com fotos das turmas por ano de formatura, laboratórios, biblioteca, pátio, salas de aula, de áudio, parquinho, sala de troféus, etc,etc.

E de repente, no grupo de visitantes, um pai chora, chora que nem criança pequena, chora, apanha seu celular e faz umas ligações relatando a emoção da visita pelo colégio.

Uma meia-hora depois, começam a chegar outros adultos, que cumprimentam efusivamente seu amigo (depois entendi que ele havia chamado seus ex-colegas de infância que tinham estudado naquele colégio há muitos anos atrás).

Nesse grupo, por acaso, reconheci um dos adultos, um ex-colega de trabalho e fui cumprimentá-lo e aí pude entender todo o enredo, das cenas que havia acompanhado, como observadora!

Um homem também chora, guerreiro menino.

Um homem se emociona com as lembranças de infância, com o filme mental das suas travessuras, dos castigos, das notas boas, dos boletins vermelhos, dos chicletes no teto da sala de aula montando o universo, das advertências dos inspetores, com os melhores momentos vividos com os melhores amigos!

E na semana da criança, como é gostoso saber que também fomos crianças e aproveitamos esses maravilhosos momentos e os guardamos no fundo do peito!