O Poder da Gentileza

26 ago 2010

gentileza

Nestes tempos de muita preocupação consigo mesmo, e de pouco tempo para o outro, de tempos “sem-tempo”, quero chamar a atenção para uma virtude que anda meio esquecida: a GENTILEZA.
GENTILEZA que não quer dizer fraqueza,nem é virtude só para as mulheres.
GENTILEZA que significa cortesia, amabilidade, fidalgia, bom tratamento.
Tem um poder muito grande e tem relação direta com a inteligência bem como denota elevação moral.
Muitos se desculpam dizendo “não tenho tempo para essas coisas”. Porém, sempre é tempo para uma palavra de amizade, para um telefonema cordial, para um sorriso de afeto, dirigido mesmo àqueles que parecem endurecidos e impermeáveis às boas maneiras.
A GENTILEZA depende do hábito. Comece hoje a cultivá-la. Há muitas maneiras de se adquirir esse hábito mas precisa ter disciplina e força de vontade.
Pode-se ser gentil com os superiores, mas é muito mais difícil ser gentil com os subalternos ou com os familiares e amigos próximos, justamente aqueles com quem acabamos desdenhando as regras de conduta sadia.
Pode-se ser gentil no trânsito, com os transeuntes, em casa, no trabalho, em todos os lugares.
Cada vez é mais raro ver-se, por exemplo, uma pessoa que dê lugar a outra, dentro de um ônibus lotado. Ou numa fila. Não falo aqui de se obedecer a sua vez na fila, mas de dar a vez para outra pessoa que pareça mais aflita ou necessitada. Pelo contrário:quando podem, as pessoas “furam” a fila, quase sempre invocando um título ou uma posição social que os outros não têm.
Cada vez é mais raro ver as pessoas ajudando as outras a carregar sacolas, a levantar objetos caídos, a ajudar um idoso a atravessar a rua, ou a empurrar um carro que não pega.
As pessoas alegam que não têm tempo, mas na verdade o tempo é a gente que fabrica. Quantos passam horas à frente de telejornais e das novelas e alegam não ter tempo para agradecer uma carta, um email, um convite ou um favor recebido.
Quando esses pequenos gestos de fraternidade e reconhecimento vão sendo esquecidos, a pessoa vai ficando fria e áspera, acreditando que todos devem ser gentis para com ela, mas esquecendo que esse dever é recíproco e que devemos ser àquele que dá o primeiro passo.
Quantas vezes no trânsito, não esperamos o pedestre terminar de atravessar a rua, buzinamos impacientemente, não damos a vez ao que está pretendendo entrar numa via preferencial, nem damos carona à mulher grávida ou ancião.
“Muito obrigada”, “por favor”, “está ótimo o seu café”, “bom dia”, “boa tarde”, “desculpe”, são expressões que estão se ouvindo cada vez menos.
Nosso teste permanente é com os familiares. No tom da voz, no tempo que lhes damos, nas pequenas atitudes para com o cônjuge, seja oferecendo-lhes um dia para enxugar a louça, para passar o aspirador, ou surpreendê-lo com um café na cama.
Nosso exemplo é seguido pelos filhos.Não podemos chamar-lhes a atenção por tratar rispidamente a empregada se nós próprios não os ensinamos, pelo exemplo, a respeitar e a pedir “por favor” mesmo àqueles a quem pagamos para trabalhar para nós.
A GENTILEZA tem um pouco de renúncia e muito a ver com generosidade, e esta é imãcom a caridade, por isso que quanto mais elevada a pessoa, mais gentil ela é.
A GENTILEZA é virtude que pertence a família do amor, é também a chave que abre as portas do sucesso, porque não há coração mais empedernido que a GENTILEZA não consiga desarmar, nem situação mais desfavorável que não consiga reverter.
A pessoa gentil só tem um “defeito”: é difícil a gente se aproximar dela, porque está sempre rodeada de muitas pessoas, que procuram se beneficiar desse seu halo de grandiosidade e nobreza.
Ainda que você não acredite em tudo o que pode a GENTILEZA, ainda que ache que tudo isso é exagero, se você for gentil, estará se presenteando a si mesmo, porque tornará sua vida bem mais prazeirosa.
E viver de bem com a gente mesmo já é um grande passo para viver de bem com toda a Humanidade.

Noeval de Quadros – Jornal Mundo Espírita – Novembro de 2000