As doenças da Liderança

27 abr 2015

post-papa

Ano passado, pouco antes do Natal, Papa Francisco remeteu aos líderes da Cúria Romana uma mensagem muito forte sobre Liderança, reforçando sua estratégia de reformar as estruturas administrativas da Igreja Católica.

Gary Hamel, especialista em gestão, professor na Universidade de Harvard e de Michigan, um dos pensadores mais influentes do mundo, escreveu no início de abril, artigo na Harvard Business Review, relatando como a mensagem do Papa Francisco foi contundente!

Em resumo, o Papa mencionou que nossos líderes são suscetíveis a uma série de doenças debilitantes, incluindo arrogância, intolerância, miopia, e mesquinhez.
Quando essas doenças não são tratadas, a própria organização está debilitada.
Para se ter uma igreja saudável, precisamos de líderes saudáveis.
E o mesmo vale para qualquer de nossas empresas.
Seguem as 15 doenças da liderança retratadas na mensagem do nosso Pontífice:

1. Pensar que somos imortais, imunes ou indispensáveis:

O líder que não tem auto-crítica e se julga acima daqueles que trabalham para ele sofre da “patologia do poder”.
De acordo com artigo de Hamel, a pessoa é tomada por um complexo de superioridade e deixa de se importar com os mais fracos.

2. Trabalho em excesso:

Pessoas que mergulham no trabalho sem reservar tempo para descanso acabam se estressando e perdendo a concentração.
Para o especialista, a ocupação excessiva mostra desequilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Um tempo de descanso é necessário e permite recarregar as baterias.

3. “Petrificação”:

Líderes que tem um “coração de pedra” tendem a perder serenidade, agilidade e ousadia, defende Hamel.
Substituir a sensibilidade humana por pura formalidade também é perigoso quando se lida com um grupo. Como afirmou o papa, um líder precisa de desprendimento e generosidade.

4. Planejamento sem limite:

Quando um gestor planeja tudo até o último detalhe por medo do imprevisível, o processo criativo perde a espontaneidade.
Organização é importante, desde que haja espaço para a intuição e o improviso.

5. Falta de coordenação:

Se um líder perde o senso de comunidade e o objetivo de integrar seu grupo, o sistema todo perde seu equilíbrio.
Um grupo que não é regido com “camaradagem” e trabalho em equipe vira “uma orquestra que produz ruído”, comprometendo resultados.

6. “Alzheimer” da liderança:

Acontece quando um líder se esquece da gratidão que deve àqueles que sempre o apoiaram ou trouxeram inspiração.
Tal reconhecimento não deve perder lugar para “caprichos” e “obsessões”.

7. Rivalidade:

O título de líder não serve para contar vantagem sobre os outros.
O dever fundamental do líder seria justamente o oposto: atentar-se para os interesses e anseios de sua equipe.

8. “Esquizofrenia existencial”:

É a doença de quem vive uma vida dupla e marcada pela hipocrisia.
Acontece quando o gestor se isola de clientes e funcionários e se dedica apenas a questões burocráticas, perdendo contato com a realidade.

9. Fofoca:

O artigo da Harvard Business Review descreve a fofoca como uma “grave doença” que começa às vezes em uma conversa simples, mas pode sujar o nome de um colega e contaminar a harmonia que existe numa equipe.

10. “Puxa saquismo”:

É a patologia que atinge aqueles que cortejam seus superiores com o interesse de ganhar uma promoção.
Para isso, deixam de lado os objetivos da equipe como um todo.
Líderes são afetados por esta doença quando incentivam e tiram proveito da cumplicidade de seus subordinados.

11. Indiferença:

Acontece quando o profissional mais experiente não compartilha seu conhecimento com aqueles que estão começando.
Por “ciúmes ou engano”, a pessoa guarda para si o aprendizado que poderia ser útil para o desenvolvimento da equipe.

12. Excesso de severidade:

Ocorre com o gestor que acredita que, para ser sério e respeitado, é preciso ser austero.
Na verdade, o excesso de severidade é um sintoma de medo e insegurança. Sempre que possível, o líder deve se esforçar para ser cortês, bem humorado e transmitir entusiasmo.

13. Acumulação compulsiva:

É o caso de quando o líder tenta acumular bens materiais, não por necessidade, mas para se sentir seguro.
Segundo palavras do Papa destacadas por Hamel, nenhuma riqueza pode preencher o “vazio de um coração”.

14. Círculos fechados:

Acontece quando a vontade de pertencer a um grupo “seleto” da liderança se torna maior do que a identidade de uma equipe.
Também começa com boas intenções, mas pode acabar fragmentando uma organização.

15. Extravagância e Auto-promoção:

Ocorre com pessoas que tentam acumular poder a qualquer custo e fazem de tudo para mostrar que são mais capazes que os outros.
Tal comportamento é danoso, porque leva as pessoas a justificar o uso de quaisquer meios para atingir seu objetivo.