Energia Emocional Inútil

25 out 2016

conectadosNão sei se você leu a matéria na Veja, ou se já viu a sinopse do livro nas livrarias ou no site da Sextante, mas é sempre interessante avaliar o que Augusto Cury pensa e escreve, e abaixo sumarizei um pouco do que comecei a ler do seu último lançamento: O Homem Mais Inteligente da História.

A ERA DOS MENDIGOS EMOCIONAIS

O palco é uma reunião de emergência da ONU sobre a violência no mundo.

Presentes líderes políticos dos principais nações e pensadores das mais diversas áreas.

Estatísticas impressionantes da violência nos países pobres e emergentes, mas também nas nações ricas, caracterizadas por:

-bullying nas escolas,

-violência contra mulheres e crianças,

-assédio moral nas empresas,

-agressões sexuais,

-corrupção na política,

-sabotagem no mercado,

-exclusão de imigrantes,

-suicídios,

-homicídios,

-terrorismo.

Vivemos um contraste entre a enorme explosão da violência ao redor do mundo e o apogeu do progresso material e do ápice da era digital.

Após todas as manifestações de todas as autoridades presentes, estando a sessão para ser encerrada, sem contudo se chegar a qualquer diagnóstico adequado ao cenário, surgiu uma manifestação da platéia:

 

– “Senhoras e senhores, não apenas pisamos na superfície do planeta Terra, mas também na camada superficial do planeta emoção.

Está em curso uma verdadeira explosão de transtornos psíquicos e sociais.

E uma das grandes razões para isso é o fato de a educação clássica ter se tornado excessivamente cartesiana, lógica, linear, desprezando as habilidades socioemocionais capazes de proteger a psique.

Se não mudarmos o paradigma fundamental da educação, seremos uma espécie inviável!

 

– A educação mundial precisa passar da era da informação para a era do Eu como gestor da mente humana!

A primeira gera gigantes na ciência, mas crianças no território da emoção; a segunda cria seres humanos bem resolvidos, coerentes e altruístas.

– Ser gestor da mente humana é saber gerenciar os pensamentos, proteger a emoção, libertar a criatividade e se tornar protagonista da própria história.

A educação clássica crê que a maneira de formar mentes brilhantes é bombardear o cérebro com milhões de dados e fazer os alunos assimilá-los. Isso é um grande engano!

As pessoas precisam aprender a pensar coletivamente, a ser altruístas, a se colocar no lugar do outro e ser tolerantes às frustrações!”

Induzindo a pensar na imagem de carros sendo conduzidos de maneira irresponsável, em alta velocidade, desrespeitando as normas de trânsito e causando acidentes horríveis, fez a seguinte comparação:

– “Nosso intelecto é um veículo mental complexo e o dirigimos de forma irresponsável.

Por quê?

Porque as escolas e as universidades não educam o Eu, que representa a capacidade de escolha, o livre-arbítrio, a consciência crítica para estar ao volante.

Um olhar atravessado estraga o dia, uma crítica asfixia a semana, uma traição pode comprometer uma vida.”

Mostrando imagens de jovens  se mutilando e garotas anoréxicas, só pele e ossos, questionou:

– “E sabem por que essas meninas estão magras como os pobres famintos da África subsaariana?

– Porque se sentem gordas.

A ditadura da beleza está matando nossos jovens por dentro.”

Observando cenas de pessoas anônimas cometendo os mais diversos tipos de violência e até assassinatos por motivos banais, continua:

– “Pequenas contrariedades geram reações desproporcionais.

Estamos na era do descontrole emocional.

 

Estamos acostumados a dar broncas, apontar falhas, tecer críticas…

– A falta de proteção da emoção é a maior de todas as violências, e a cometemos contra nossos próprios filhos!”

– Como podemos mudar isso?

– “Há muitas ferramentas à nossa disposição:

podemos ser mais lentos para reagir e mais rápidos para pensar;

ser empáticos e nos importar com a dor dos outros;

ter consciência de que por trás de alguém que fere há uma pessoa ferida;

pensar como humanidade e não apenas como grupo social

E todas essas ferramentas estão relacionadas com a gestão da própria mente.”

Na atualidade levamos o veículo mental, a construção dos pensamentos, a uma velocidade nunca antes vista!

Por isso é fácil perder o autocontrole!

– Mas agora é tempo de ouvir!

Hoje uma criança de 7 anos possui mais dados que imperadores romanos.

Uma de 9 anos possui mais informações que Sócrates ou Platão. Isso não é suportável.

O excesso de informações não utilizadas torna-se lixo intelectual.

Esgota o cérebro.

Em média, quem tinha mais informações: Einstein ou os bons engenheiros e físicos da atualidade?

–São os engenheiros e físicos da atualidade.

Mas estes não produzem ideias complexas como as que o jovem Einstein produziu aos 27 anos, no tosco escritório de patentes em que trabalhava!!!

O que forma um pensador não é a quantidade de dados, mas sua organização.

Hoje as crianças e adolescentes estão conectadas o dia inteiro no celular, mas estão desconectados de si mesmos.

De repente, diante da menor contrariedade, tem reações explosivas.

Hoje as crianças dormem mal, acordam de madrugada para acessar as redes sociais, trocam o dia pela noite, parecendo zumbis.

A era digital trouxe ganhos inegáveis, um aumento cognitivo e uma melhora do raciocínio lógico e da produtividade, mas também trouxe prejuízos gigantescos!

Não podemos fechar os olhos para isso.

Milhões de jovens são vítimas de intoxicação digital.

Tire-lhes os celulares e muitos terão sintomas de abstinência como as geradas pela dependência de drogas!

Ansiedade, insatisfação crônica, impaciência, baixa tolerância a frustrações, um tédio atroz quando sentem que não têm nada para fazer.

São escravos/prisioneiros na própria mente.

A tecnologia elevou a expectativa de vida. Vivemos em média 80 anos, mas a mente humana está tão estressada pelo excesso de informações que hoje em dia 80 anos passam como se fossem 20 no passado.

Nosso sistema virou uma fábrica de doidos, estamos vivendo mais em termos biológicos e morrendo mais cedo em termos emocionais.

– Tenho certeza de que estamos vivendo esse paradoxo. É uma violência subliminar contra nós mesmos!

Esse ritmo frenético nos torna mais individualistas e insatisfeitos.

Estamos na era da indústria do lazer, mas nunca tivemos uma geração tão triste!

Estamos na era dos mendigos emocionais!

A principal característica dos mendigos emocionais é fazer pouco do muito.

Por exemplo, os pais têm pavor de que os filhos se tornem dependentes de drogas, mas, sem perceber, viciam o cérebro deles com excesso de estímulos.

Procurem dar aos seus filhos o que o dinheiro não pode comprar: sua presença e sua história.

Ensinem-lhes a contemplar o belo. Contemplar o belo é se entregar atenta e detalhadamente.

A emoção é democrática, ela se alimenta especialmente das coisas simples e anônimas da vida.”

Livro: O Homem mais Inteligente da História

Autor: Augusto Cury

Editora Sextante

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