Filosofia de um sonho
– por José Carlos Cunha (ex- CEO Intelig)
“A Sandra me pediu para escrever para o Projetando Pessoas os conceitos que embasam a construção de uma cultura empresarial vencedora e eu, modestamente, vou tentar dar minha concepção do tema, mesmo que invertendo um pouquinho a ordem do que ela me pediu.
Vou falar de Humor, Amor e Significado.
Esses três elementos constituem os pilares de construção de qualquer empreendimento de sucesso, pessoal ou profissional. Por que? Porque eles respondem e sintetizam os mais íntimos processos que cada um de nós, seres humanos busca e aprecia. Vejam só…
Humor: a raiz dessa palavra é latina, e em latim, umor – umoris quer dizer umidade. A umidade é essencial à vida. Da mesma raiz sintática nasce húmus,o mais completo adubo conhecido e a base de nutrição da Natureza. Rico em minerais, alimenta e faz crescer. O humor, nessa percepção, é o adubo das idéias.
Num ambiente bem humorado, aonde as pessoas podem exercitar seu potencial criativo, as idéias e os conceitos inovadores brotam. Os psicólogos e os estudiosos da matéria afirmam que o humor é uma manifestação de inteligência. Fazer humor é como fazer cócegas no cérebro do outro. É como adubar para que novos mapas mentais possam se formar.
E, como seres humanos, nós buscamos a alegria e gostamos de estar com quem nos alegra.
Num ambiente bem humorado, existe uma alta propensão a acontecer o Amor.
E o que é, qual a definição que buscamos para o que é o Amor?
Existem várias possibilidades de se definir o amor em português, indo desde a afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc…
Gosto de pensar de forma ampla no Amor como a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto. A formação desse vinculo implica em respeito, cuidado, o querer e gostar de estar junto. Nesse processo de Amor, o prazer por fazer algo bem feito, o desprendimento em deixar o outro brilhar e em se permitir ousar, aparecem naturalmente.
Diversos casamentos também se baseiam nessa percepção de o que é o amor. A experiência mostra que os casamentos que acontecem assim se mostram bastante duradouros.
E por quê é assim?
Porquê as pessoas que se casam o fazem por estabelecer um futuro comum, um projeto de compartilhamento de futuro. Isso também é o que acontece em qualquer empreendimento em que os participantes decidam criar um futuro em que estejam coparticipando.
E como se cria um futuro comum?
Exatamente definindo significados comuns aos participantes. Atribuição de significado é uma forma, diria que é a única forma, de se definir valor.
Me lembro de uma história, contada pelo meu amigo e mestre Mário Cortella, que ilustra o que quero dizer e que fala de um episódio acontecido com Pablo Picasso.
Picasso, genial pintor, era um distraído. Andava constantemente sem carregar dinheiro. Um dia, tendo ido almoçar num restaurante, depois de comer e beber do bom e do melhor, ao receber a consumação se deu conta, e informou ao garçom, que estava sem dinheiro. Este, sem saber com quem tratava, se alterou iniciando uma altercação que chamou a atenção do dono do estabelecimento. Ao ser informado do motivo da discussão, tendo reconhecido Picasso, lhe disse que a consumação ficaria por conta da casa se o mestre lhe fizesse um pequeno favor. E apresentou a Picasso uma nota de um dólar, pedindo que o genial pintor a assinasse.
É desnecessário dizer que o valor dessa nota certamente excede, em muito, seu valor de face. Isso porque atribuímos um significado superior à assinatura – do ponto de vista objetivo um mero rabisco – a ela aposta.
Isto vale para outras coisas, inclusive as intangíveis.
Qual o valor de uma rosa? E se ela for dada como um presente de comemoração de um aniversário de casamento, por exemplo?
Quando definimos que para nosso futuro é fundamental que exista crescimento e apoio, esses passam a ser parte de um conjunto de valores compartilhados e, sendo atendidos, criam vínculos que são perenes, quase indestrutíveis.
Cria-se assim um sentido de propósito, de vontade, de determinação, de cumplicidade. Este sentimento torna os participantes desse processo em eternos companheiros, partes de uma mesma “família”.
Claro que existem condições adicionais, tanto da seleção quanto do acompanhamento de quem vai implementar esse projeto, mas essa é a conceituação filosófica do trabalho implantado nesse nosso sonho compartilhado que eu nem preciso nomear, e que todos que participaram reconhecem.
Era tangível para todos nós a certeza que nossos valores eram e seriam sempre respeitados e que cada um de nós era peça fundamental na construção desse sonho.
Humor, Amor e Significado, os pilares que apoiam o plano. E sobre esses pilares se pode construir o sucesso!
Estou absolutamente sem palavras para expressar a minha emoção com esse relato!
Vivi esse plano, vivi esse sonho se tornar realidade e moldar grandes profissionais de sucesso!
José Carlos Cunha receba minha eterna gratidão pelo aprendizado dos tempos da Intelig, pela amizade na vida profissional que se seguiu, por sua presença em momentos marcantes aqui no Projetando Pessoas!