“Dizem que é de corajosos sorrir enquanto se está em frangalhos, mas coragem é, acima de tudo, ser capaz de recolher cada pedaço desses sonhos quebrados e reconstruí-los novamente, para serem mais fortes, mais dignos, mais belos.”
Li um artigo de janeiro/2017 no site A Mente é Maravilhosa, que compartilho, agradecendo essa leitura tão impactante e condizente com o momento de tantos de nós!
“Ninguém nunca saberá quantas vezes você conseguiu se manter de pé mesmo sabendo que estava caindo aos pedaços.
Só você sabe onde estão as marcas das suas feridas, essas que você foi reconstruindo muito lentamente, com um fio muito fino e a agulha das decepções.
Porque a coragem nunca é ausência de sofrimento ou dor, mas sim a força de continuar em frente apesar do medo…
Com frequência, os neurologistas e os biólogos nos lembram que o cérebro está preparado evolutivamente para sobreviver a todo tipo de adversidade.
Mas cada vez que a amargura e o sofrimento batem à porta, nos perguntamos “por que eu”.
Quando isto acontecer, procure substituir essa pergunta por outra melhor: “para quê”.
Poucos instantes vitais irão demandar tantos recursos interiores como esses nos quais de repente sentimos como se todo o nosso ser tivesse desmoronado por dentro e só restassem tristes escombros.
As depressões, os traumas ou as perdas são momentos de grande dificuldade.
Momentos nos quais a coragem pessoal é posta à prova.
Convidamos você a refletir sobre isto.
A coragem de renascer com força a partir das fraquezas:
No Japão existe uma técnica ancestral chamada “Kintsugi” com as qual se consertam os objetos de cerâmica quebrados.
Isto se faz usando um adesivo forte, sobre o qual depois é aplicado pó de ouro.
O Kintsukuroi é uma arte delicada e excepcional onde não se quer que a peça quebrada ou fragmentada recupere a sua forma original.
Ao contrário, para a cultura nipônica unir estes pedaços quebrados com ouro ou prata lhe dá uma vitalidade e uma história única. Além disso, um fato notável a considerar é que estas peças de cerâmica, antes tão frágeis, agora, além de belas, são incrivelmente resistentes.
A laqueadura das suas feridas com ouro as torna inquebráveis.
Assim como disse Ernest Hemingway, “a vida nos quebra a todos em algum momento, mas apenas poucos conseguem tornar suas partes quebradas mais fortes”.
Portanto, vale a pena incorporar esta simples mas maravilhosa metáfora: quando alguma coisa valiosa se quebra, se rompe ou se perde, uma forma de superar o problema é não escondendo nunca a própria fraqueza, a própria fragilidade.
Porque esses vínculos machucados podem ser reparados graças à resiliência, a essa habilidade de superar toda dificuldade para selar com ouro cada ferida, cada buraco, cada sonho quebrado, e reerguer-nos então como criaturas ainda mais fortes.
Estratégias para unir nossos “pedaços quebrados”:
Segundo explica a psiquiatra Rafaela Santos no seu livro “Levantar-se e lutar”, apesar da neurociência dizer que todos podemos ser resilientes, essa capacidade não parece tão simples de colocar em prática.
De fato, segundo seus próprios dados citados no livro, apenas 30% da população consegue, por exemplo, superar um trauma.
Recolher nossos “pedaços quebrados” não é fácil, mas também não é impossível.
O cérebro humano tem milhões e milhões de neurônios que criam por sua vez bilhões de conexões neurológicas.
Isto é algo maravilhoso.
Se aceitarmos que todos, de alguma forma, somos arquitetos dos nossos próprios cérebros, também aceitaremos que somos totalmente capazes de aumentar nossa coragem pessoal, nossa força e otimismo para favorecer a mudança.
Sendo assim, acontecerá a cura que reflete a arte de Kintsukuroi, através da qual nos transformamos em pessoas muito mais fortes graças aos fios dourados da resiliência.
Reparar o trauma nos nossos próprios mecanismos psíquicos e cerebrais:
Antes de mais nada, é preciso entender que o cérebro, além de ser um organismo regido pelas emoções, também é um afinadíssimo e complexo órgão que se comunica graças a impulsos elétricos.
Quando existe um trauma ou uma depressão, ele funciona com outra intensidade.
Por isso é tão difícil se “equilibrar” e por isso o mundo parece de repente ganhar uma velocidade que não somos capazes de acompanhar.
Compreenda que você precisará de tempo.
De certa forma, a ideia dos “pedaços quebrados” se parece um pouco ao que acontece com o cérebro quando nos encontramos em momentos de crise. Mais do que quebrado, está “desconectado”.
Pouco a pouco iremos nos reconectando a nós mesmos e com a realidade que nos rodeia.
Este é o momento mais difícil porque vão aparecer todas as emoções juntas: a ira, a tristeza, o choro… Não tente contê-los, facilite o desabafo emocional.
A terceira parte requer proceder à ação construtiva.
É a hora de aplicar essa “cola” do Kintsukuroi para assumir o controle, aceitar ajuda, apoio e se mostrar novamente para a vida no seu próprio ritmo.
A última fase e a mais decisiva é a reintegração.
Nessa hora precisamos ser capazes de reconhecer a nossa própria mudança. As experiências traumáticas são sempre como ossos quebrados da alma, feridas que devemos curar para voltar a caminhar, a nos reintegrarmos plenamente ao movimento da vida. É hora, nessa fase, de recobrir as marcas das nossas próprias feridas com pó de ouro.
Porque já não seremos os mesmos de outrora.
Acredite se quiser, se tivermos feito todo este processo direito, seremos incrivelmente mais fortes.”