No último domingo, para aliviar um pouco o clima aqui de casa, especialmente para a minha adolescente, após as angustiantes notícias de Santa Marina, decidimos assistir a um DVD.
Estávamos desde cedo acompanhando as imagens, as manchetes, os discursos, as diversas visões de cada canal de TV e rádio. E ela estava muito tensa! Como não ficar não é mesmo?
Tenho uma filha universitária frequentadora de festas em boates, shows em locais fechados, etc.
A menor adolescente, já está bem próxima desses eventos…
Faz parte da vida, faz parte…
Quantas vezes avisamos, para avaliar os locais aonde frequentam, mas parece “papo de velho chato” querendo atravancar a alegria do filho, pedir pra checar se o local tem saída de emergência, verificar, ou pedir para verificarem, se a porta de emergência abre, cuidar para ter atenção a barulhos de brigas, de ocorrências como curto-circuito, pois imprevistos acontecem.
Quantas vezes fazemos aqueles famosos discursos de primeiros socorros, de zelo a se ter no pânico,etc,etc.
Já acudi capotamento e acidentes nas estradas (vida de jipeiro com guincho tem sempre um lado SOS).
Já vivenciei um incêndio no prédio ao ládio.
Meu marido já esteve em terremoto nos tempos de adolescente.
Já vivi um pânico num cinema quando o teto desabou e eu era adolescente em minhas primeiras idas sozinha a matinê!
Já presenciei incêndio do Canecão no Rio de Janeiro.
Meus avós e pais viveram a época do Incêndio do Circo em Niterói, que está sendo comparado com a Tragédia de Santa Maria!
Prevenir nossos filhos sempre ajuda, mas não evita uma Tragédia dessas proporções, diante de tantas imprevidências e ilegalidades!
E como sempre, todos choram sobre o leite derramado!
E ficam nossas orações pelos que partiram tão cedo, pelos que se recuperam e por todas as famílias enlutadas e abaladas!
Bem depois de uma manhã de domingo pensando em como as pessoas não pensam antes de soltar um sinalizador numa boate fechada, em como um empresário coloca tantas pessoas num lugar não autorizado a funcionar, como as autoridades permitem esse funcionamento, como um local público pode ser tão fechado para que as pessoas não fujam sem pagar, como os extintores químicos não funcionaram, como não haviam placas sinalizando as saídas, etc,etc,etc…
E quais foram as chances dos jovens terem agido rápido no meio do pânico e terem conseguido sairem vivos sem se intoxicarem e morrerem…
Fomos assistir ao DVD “As Mil Palavras” de Eddie Murphy.
Venho observando muito o quanto falo, e o quão minhas palavras são necessárias, são eficazes, agregam.
E especialmente tenho feito o mesmo exercício em relação aos demais.
Vocês já fizeram esse exercício?
Realmente o silêncio vale mais do que mil palavras!
Essa é a máxima que norteia o filme.
O personagem de Eddie Murphy se esconde através das muitas palavras que emite, não ouvindo ninguém , antecipando tudo, prejulgando e o seu raciocínio rápido e o seu falar transbordante de palavras enundam todos os ambientes profissionais e pessoais, fazendo a sua personalidade e a sua imagem como um homem de sucesso, de poder, através das palavras.
Porém sem sentir efetivamente o que fala.
Como agente literário ele procura um Guru espiritual, apenas para ganhar dinheiro através da venda do seu livro e produtos, sem realmente acreditar na essência do trabalho espiritual do mestre.
E afirma que pode conseguir tudo o que quiser através da sua lábia!
Imagine ter que pensar em tudo o que precisa se expressar, em economizar palavras faladas e escritas, pois cada palavra proferida decresceria na contagem de sua energia vital?
E o filme se desenrola de forma envolvente com uma trama interessante através da busca do SILÊNCIO, de OUVIR A SUA VOZ INTERIOR e REVER SEUS VALORES.
Sabe, aliviamos um pouco o domingo!
Um filme leve, agradável e que faz repensar “nos ouvir mais” do que “falar”.
E como bem disse Fabrício Carpinejar em seu emocionado desabafo: “As palavras perdem o sentido”!