Acredito que assim como eu, muitas pessoas acompanham e admiram o trabalho da Miriam Leitão.
Sempre me chamou a atenção sua segurança, sua inteligência, sua capacidade de comunicação, de capturar as informações, de antecipar fatos através de suas análises certeiras, sua acurácia, sua assertividade.
Tive a oportunidade de acompanhar nas suas diversas atuações na Rede Globo e no Jornal O Globo, importantes momentos, matérias de destaque, através da Economia, sua paixão.
Quando da Crise Americana, dos escândalos das fraudes contábeis, aonde a economia mundial começou a balançar, a empresa em que trabalho a contratou para uma palestra.
Tive o prazer de estar num auditório com umas 3 mil pessoas, absorvendo cada uma de suas palavras por mais de 1 hora de palestra.
Fiquei maravilhada, mais bem impressionada do que era até então, com a capacidade assustadora de armazenamento e uso de informações, números, estatísticas, séries históricas e com a presença de palco, com a habilidade de cativar e fazer o público acompanhar seu raciocício e evoluir com sua lógica da crise, e suas consequências para o Brasil.
Que economista/jornalista! Que profissional!
Há uns meses atrás, outra vez ela me encantou, dessa vez com sua sensibilidade e clareza de expressão, ao resumidamente externar suas impressões a respeito de seu chefe, de um profissional de altíssimo gabarito e que infelizmente faleceu jovem.
Especialmente essa morte, além da mídia, me sensibilizou por ter sido ele, o marido de uma pessoa muito querida para mim, minha ex-chefe.
Muito me marcaram as palavras de Miriam Leitão ao falar postumamente de um Líder, de um chefe que todos amavam!
Deixei passar um tempo, mas não podia deixar de externar minha enorme admiração por essa mulher – Miriam Leitão!
Segue texto da Miriam Leitão em Homenagem a Rodolfo Fernandes:
E nós que o amamos tanto
Agora os leitores sabem: nós, jornalistas do GLOBO, vivemos emoções intensas nos últimos dois anos. Rodolfo, nosso diretor de Redação, sofreu diante de nós e conosco o cotidiano de uma doença que foi lhe roubando os movimentos. Desta forma, também cada um de nós estava tendo uma poderosa lição de vida. Como, ainda jovem, no auge profissional e num momento de felicidade, uma pessoa enfrenta essa caminhada consciente para o fim?
Agora sabemos a resposta: com altivez e serenidade; com humor e paixão pela profissão. Com charme. Tivemos o privilégio de aprender com Rodolfo essa última lição. A doença avançava e, com gestos, atitudes e delicados sinais, ele foi conduzindo a Redação a entender o sentido da palavra “inevitável”, a não sentir constrangimento diante dos sinais da doença, a entender que jornalismo é aquilo que se faz em qualquer circunstância. No final só lhe restava o olhar; e era suficiente.
Quem não conheceu Rodolfo Fernandes pode achar que exageramos nos adjetivos espalhados na edição de ontem e hoje. Acreditem, Rodolfo foi tudo o que disseram: firme e suave; talentoso e ético; delicado e líder. Ele comandou a Redação por dez anos, até o último dia, exercendo a incontestável liderança que conquistou com naturalidade. Assumiu o maior cargo da Redação com apenas 39 anos, e mesmo os mais velhos que ele sabiam que a ascensão era merecida.
Rodolfo foi um chefe amado. Escolhas precisas de matérias, edição, pautas, manchetes; análises de aguda lucidez; habilidade para tirar o melhor de cada pessoa; e entusiasmo com a informação nova foram construindo a liga que nos unia a ele. Ontem, sobre seu corpo, foi depositada a última edição do jornal. Pareceu então o tributo perfeito: Rodolfo era jornalismo; ele gostaria de saber que o jornal repousou sobre seus pés no momento em que nos despedíamos.”