Ao longo da história da humanidade, estudiosos, filósofos, religiosos e até curiosos reservaram diversas reflexões sobre o que é negativo nas diversas formas de pensar, sentir e de se comportar dos seres humanos. Resguardadas as conjecturas éticas de todas as culturas, em função de seus valores, crenças, dogmas, costumes e hábitos, observar a conduta humana sempre esteve em pauta neste aspecto.
Apesar de toda a temática legítima e valorosa a este respeito, que trouxe contribuições indispensáveis à nossa sobrevivência como espécie – isso desde a pré-história – chegamos a um ponto, já há algum tempo, em que é preciso dar maior atenção ao lado positivo de nossas vidas, de nossas atitudes e de nossas características. Afirmar algo como sendo positivo passou a ser quase que um apelo, uma exigência da sociedade quanto à nossa forma de viver. Diante disso, muitas vertentes foram surgindo com vistas a conduzir possíveis caminhos quanto ao que é certo, bom, adequado, ou seja, positivo, para ser adotado como padrão. Contudo, muitas abordagens acabaram por não consubstanciar tais afirmações milagrosas com padrões credibilizados e de confiabilidade.
Mas eis que chega O Olhar Positivo que Faltava: a Psicologia Positiva.
Com uma história ainda muito recente – suas contribuições datam desde 1998 – a Psicologia Positiva traz em seu arcabouço teórico de estudo e pesquisa, nutrido pela cientificidade de seus métodos, uma legitimidade ao estudo do que é bom, do que é ótimo, do que é significativo – do que é positivo. Seus dados e afirmações recaem em resultados de pesquisas empíricas que trouxeram grande contribuição à forma de compreender, identificar e potencializar o que é positivo na vida das pessoas.
Resgatando duas missões da Psicologia, a saber: tornar a vida das pessoas mais produtiva e cheia de satisfação e identificar e desenvolver talentos; uma vez que a terceira missão – curar doenças mentais – já tinha obtido muitos resultados a partir da Segunda Guerra Mundial, ela propõe um novo foco.
Trata-se , segundo o site Authentic Happiness, de um ramo da Psicologia que foca no estudo empírico das emoções positivas e das forças de caráter que permitem os indivíduos e as sociedades prosperar, tendo como fundamento essencial a crença de que as pessoas querem conduzir uma vida significativa e de realizações, para cultivar o que há de melhor nelas mesmas e para elevar suas experiências de amor, trabalho e lazer. Além disso, é preciso destacar que a Psicologia Positiva é um movimento desenvolvido dentro da Psicologia, mas que traz uma conotação multidisciplinar a
medida que se propõe envolver diversos segmentos da sociedade e é aplicada por profissionais de diversas áreas: terapeutas, coaches, líderes, educadores entre outros.
E como interpretar o que é positivo neste estudo?
Recorro para tornar mais claro o que vem a ser positivo neste estudo ao que afirma Ed Diener – renomado pesquisador sobre bem-estar subjetivo – com base em três fundamentos do filósofo Brock, pelos quais as pessoas julgam o que é bom e valioso:
1) As escolhas das pessoas são um indicativo do que é bom. Se elas consistentemente escolhem algo, elas devem pensar que isso é bom;
2) Nós sempre usamos os julgamentos e as experiências de satisfação das pessoas como referência de que alguma coisa é boa;
3) Como as pessoas usam sistemas de valores baseados em normas, crenças religiosas podem julgar o que é positivo.
Simples assim!
Além disso, quando falamos de emoções positivas e positividade, é indispensável mencionar a autora Bárbara Fredrickson que conduz, já há vários anos, pesquisas destacando a importância das emoções positivas em nossas vidas, com sua teoria Ampliar e Construir. Nesta sua teoria, ela enfatiza vários pontos, dos quais dou destaque aos seguintes: a positividade é boa; ela muda a forma como a sua mente trabalha trocando pensamentos maus por bons e ainda aumenta o raio de alcance ou os limites da sua mente; a positividade transforma o seu futuro: enquanto as suas emoções se acumulam, elas constroem reservas; e a positividade coloca um freio na negatividade: funciona como um botão de “reset” para a negatividade.
Além disso, é muito importante termos em mente em todos os nossos momentos de vida o quociente de positividade, que a autora define como a frequência de positividade em um dado espaço de tempo dividida pela frequência de negatividade durante o mesmo espaço de tempo. É claro que não adianta pensar que teremos uma vida sem a negatividade presente. Isso vai contra a natureza!
Mas, segundo ela, o mínimo é que tenhamos um quociente de 3:1, pois para cada emoção negativa que temos, são necessárias, pelo menos 3 emoções positivas para ZERAR a emoção negativa vivenciada. Com isso, o que concluímos é que precisamos esquecer esta história de “deixa a vida me levar” quando o assunto é positividade.
Precisamos pegar as rédeas de nossa vida e construir mais emoções positivas, para que o nosso quociente seja ampliado e consigamos produzir uma espiral ascendente de emoções positivas.
E como é possível aumentarmos nossa positividade? Você vai perguntar!
Sonja Lyubomirsky, Ken M.Sheldon e David Schkade identificaram os fatores mais importantes que determinam a felicidade: 50% representando a nossa herança genética, aquilo que trazemos em nossa hereditariedade; 10% das circunstâncias da vida, que podem ser: ter dinheiro, ser brasileiro, pertencer a uma determinada raça, etc; e o ponto mais importante de tudo isso: os 40% das ações intencionais que nada mais são que as estratégias, ações, atitudes e comportamentos que instituímos no dia-a-dia de nossas vidas que fazem com que a gente possa aumentar o nosso bem-estar.
O que você está esperando?
Conheça e use as intervenções da Psicologia Positiva e usufrua dos benefícios e resultados que já foram credibilizados cientificamente para ajudar as pessoas a potencializar a sua positividade e ser mais feliz.
Bibliografia:
.CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly & SELIGMAN, Martim. E. P. Positive Psychology – An Introduction. In: American Psychologist – Special Issue on Happiness, Excellence, and Optimal Human Functioning. Washington, DC. American Psychological Association. 2000.
. DIENER, Ed. What is Positive About Positive Psychology: The Curmudgeon and Pollyana. Psychological Inquiry, 14, 115-120, 2003.
.FREDRICKSON, Barbara. Positividade – Descubra a força das emoções positivas, supere a negatividade e viva plenamente. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
.FREDRICKSON, Barbara. The Role of Positive Emotions in Positive Psychology. The Broaden-and-Build Theory of Positive Emotion. In: American Psychologist, Vol. 56, no. 3, 218-226. American Psychological Association, 2001.
.LYUBOMIRSKY, Sonja. A Ciência da Felicidade – Como Atingir a Felicidade Real e Duradoura. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
.LYUBOMIRSKY, Sonja; SHELDON, Kennon M.; SCHKADE, David; Pursing Happiness: The Architecture of Sustainable Change. Review of General Psychology, Vol. 9 no. 2, 111-131.Education Publishing Foundation, 2005.
Autora: Andréa Perez Corrêa
* Especialista Pós-graduada em Psicologia Positiva Uma Integração com o Coaching pela Universidade Cândido Mendes e em Morfossintaxe pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ;* Mestranda em Sistemas de Gestão pelo Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente do Departamento de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense-UFF;* Coautora dos livros Felicidade 360°; Coaching e Mentoring: Foco na Excelência; e Qualidades Humanas e Psicologia Positiva – Como Descobrir e Desenvolver Qualidades Humanas;* Bacharel com Licenciatura em Letras (Português/Inglês) pela Universidade Federal Fluminense – UFF;
* Formada em coaching nas seguintes modalidades:
– Personal & Professional Coaching e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching – SBC, reconhecida pelo Behavioral Coaching Institute;
-Health & Wellness Coaching pela Carevolution, reconhecida pela Wellcoaches;
– Coaching, Mentoring & Holomentoring® ISOR®, pelo Instituto Holos, reconhecido pela International Coach Federation – ICF;
– Coaching Positivo pelo Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento – IPPC.
* Palestrante das palestras: Felicidade Agora é Ciência; Liderança Positiva e Sucesso Organizacional; e Positive Upgrade Coaching.
* Criadora e coach do modelo Positive Upgrade Coaching.
* Associada da International Positive Psychology Association – IPPA;
* Há 28 anos, atua em: Desenvolvimento Humano, Treinamento, Qualidade de Vida, Idealização de Projetos em RH, Dinâmicas de Grupo, Coaching, Mentoring e Psicologia Positiva. Já ocupou Lideranças em: Assessoria Administrativa, Treinamento, Gestão de Pessoal e Desenvolvimento de RH.
* Dedica-se ao aprofundamento e à pesquisa do estudo da Psicologia Positiva e do Coaching e à multiplicação de conhecimento nesta área para o público em geral,
