Uma parte de mim vive nofuturo….
Uma parte de mim vive no passado…
e vivo me perguntando quanto de mim vive no presente…
Uma parte de mim vive no futuro….
Começo cada dia fazendo um planejamento do meu dia, e mesmo estando no presente, já estou nas horas futuras organizando minha TO DO list, fazendo a gestão da minha agenda, me preocupando em dar conta dos diversos expedientes – de mãe, de esposa, de dona-de-casa, de profissional, de mulher, de cidadã…(e nesse momento já estou ansiosa, com medo de não dar conta, de não ser perfeita, de não estar organizada o suficiente, ou de não ter energia suficiente para chegar ao último item da última lista..)
Chego no trabalho, normalmente cedo, mas já bastante “pilhada”, com minhas ações em follow-up todas em mente, disparando emails, sms´s, agendando reuniões, preparando apresentações, para quando iniciar a primeira reunião do dia(e são muitas!) estar com minha caixa de emails profissional administrada, ter todas as ações necessárias ao dia feitas, delegadas e/ou devidamente direcionadas/orientadas, para que a maratona de eventos profissionais do dia, das “emergências”, não bagunce com a minha organização!
E no segmento de negócio em que atuo, na responsabilidade que tenho, tudo é “on-line”, “real-time”, ou seja, muitas vezes chegam “problemas” inesperados, que nem com bola de cristal poderia supor, imaginar que ocorreriam naquele dia, nem naquele momento, e a agenda precisará caber tudo, e mais um pouco, sem deixar nenhuma peteca cair..
É a lei da imprevisibilidade, que nesse segmento, aprendi que todas as técnicas de gestão do tempo, gestão de prioridade, gerenciamento de pessoas, organização, planejamento com margem de risco, consegue competentemente gerenciar os imprevistos, as emergências…
Faz parte dos meus últimos 6 anos de vida profissional exercitar minha capacidade de lidar com imprevistos mesmo tendo cuidado, prevenido, pensado em tudo o que houvesse de possibilidade de problemas a serem antecipados, simplesmente, pois como não depende só de mim, do meu time e da minha área, precisei exercitar o famoso “imprevistos acontecem” e exercitar trabalho em time multi-departamental, tasks-forces, salas de guerra, para unidos contingenciarmos todos os problemas inimagináveis que possam vir a acontecer, a qualquer hora do dia e da noite, em qualquer dia da semana, mês ou ano!
Que aprendizado de – pensar em tudo – “prever o futuro”, analisar riscos, ter check-lists de identificação rápida de emergências, time preparado e disparar planos de contingência, sempre que necessário e de forma imediata!!!!
É que nem Corpo de Bombeiros, estar sempre em alerta e pronta para apagar incêndios, mesmo tendo seguro, mesmo tendo brigada de incêndio, mesmo tendo todos os cuidados preventivos para não se ter qualquer foguinho…
À noite volto para casa, como disse uma vez o palestrante Pedro Mandelli, repleta de miquinhos-pretos empoleirados nas minhas costas, fazendo “Qui-qui-qui-qui-qui”…. Cada um deles com o nome de uma pendência na coleira.
Ou seja, lembrando que:
– minha TO DO List de mãe ainda tem X itens a concluir,
– minha TO DO list de amiga ficou de lado(mas nem sempre isso ocorre, viu?),
– minha TO DO list de filha está devedora (mãe e pai vocês sabem o quanto tenho me esforçado!)
– minha TO DO List de dona de casa ainda tem armário para arrumar, tem que ir ao supermercado, açougue, farmácia, loja de produtos naturais (mas tenho uma lista de supermercado on-line, e lojas de delivery que me salvam muitas vezes),
– minha TO DO List de esposa está me cobrando muito uma série de disponibilidades de tempo para viagens, para companhia (essa TO DO list é a mais complicada de resolver, pois, por mais que faça, a dívida é eterna) e
– as outras TO DO Lists estão igualmente enormes….
E o que isso gera sentimento de culpa, de stress, de preocupação, de futuro repleto de cobranças, minhas e dos que me cercam…
Uma parte de mim vive no passado…
Saudades, muitas saudades de uma época da vida que já passou..
Infância, adolescência, o período da faculdade, o pós-faculdade, a primeira independência, e aí começa…
os meus 20 aninhos….
os meus 30 anos…
a idade da Loba dos 40 anos…
Sei lá, acho que é devido a envelhescência todo esse saudosismo.
E aí começam as revisões das escolhas feitas, e das escolhas não feitas – as que tivemos que aceitar e encarar, os “What Ifs”, o voltar no tempo em sentimentos e pensamentos…
Sei lá, acho que esse saudosismo todo é devido a estar me olhando no espelho e não vendo mais aquela jovem na imagem!!!
Mas por dentro não me sinto quem vejo…
Muitas vezes tenho até culpado as redes sociais que são (gratificantemente) me proporcionando reencontrar os amigos de infância, os colegas de escola, de faculdade, de outros tempos profissionais e com isso ver que: aquela amiga querida super divertida já está com 6 netinhos lindos (como ela já tem netos?), aquele amigo que era super bem de saúde – morreu ou foi operado, aquele outro que era o galã da turma está careca e barrigudo, o meu melhor amigo de outros tempos está completamente grisalho, como assim????
Na minha memória eles ficaram marcados do jeitinho que os conheci….
Anualmente tenho dois encontros muito especiais…
o da minha turma de colégio (concluído em 1976 (uiii) e
o da minha turma de faculdade (concluída em 1980 (haja experiência no meio copo cheio, correto?)).
Como é maravilhoso ter esses encontros organizados e mantidos anualmente, e a preparação para eles, a confirmação, a ansiedade do dia…é demais!
E aí, no dia seguinte, fica sempre aquela questão….
Nossa como o tempo passou…
Nossa como a vida separa pessoas que eram tão próximas do convívio diário(meio copo vazio) mas ainda as mantém unidas pelo menos num encontro anual depois de 30 anos(meio copo cheio).
Será que na média eu estou bem? bem pessoalmente (conservada???), bem profissionalmente (com qualquer coisa que isso queira dizer – prestígio, poder, ter emprego, faixa de remuneração, qualidade de vida, estar atuando na carreira que se formou, estar na vida pública ou privada, ser empregado ou empresário,….)
Guardei uma frase perfeita:
O passado, se mantido guardado, é como um lugar com teias de aranha.
O pior de remexer o passado e, com isso, mexer nas teias de aranha, é que a aranha ainda pode estar lá dentro e morder a gente.
Por isso, há que se ter cuidado!
O melhor é deixarmos o passado quieto, com lembranças, mas sem confrontações, por isso ele é passado, não volta!
E aí, vivo me perguntando quanto de mim vive no presente?