Qual é a cara do seu futuro?

07 abr 2011

Estou lendo uma série da Nora Roberts, assinando J D Robbs que é a Série Mortal.

Já estou no 8o. livro da Série, que é o Conspiração Mortal.

São livros que misturam aventuras de uma policial, desvendando diversos assassinatos, casada com um eterno e apaixonado romântico, e que se passa em New York, em 2058, com cenário absolutamente futurista.

Nessa época no futruro, as pessoas possuirão, segundo descrito no livro, diversos tratamentos de saúde e de estética anti-envelhecimento e viverão em média 110 anos, se bem cuidadas.

Não se entra em detalhes sobre planos de saúde, aposentadoria profissional, questões de habitação, de empregabilidade, etc, com essa população envelhescente…

Mas, saindo da ficção e entrando na vida real, um tema que muito têm me preocupado é o investir no futuro, é pensar em trabalhar, trabalhar, trabalhar, mesmo após a aposentadoria, é ter subsistência em saúde, moradia, empregabilidade, considerando, para a minha geração, uma maior longevidade ( se Deus quiser!).

Pensando no tema longevidade e subsistência, com qualidade de vida, fiz um link com mais um artigo publicado pela Cristiane Segatto (virei fã de carteirinha!), que transcrevo a seguir:

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“Um artigo publicado recentemente no jornal The New York Times me fez refletir sobre o futuro que queremos.

A autora, Natasha Singer, conta de que forma o envelhecimento da população pode deixar na miséria as nações que não estiverem preparadas para lidar com ele. Durante o século 20, a expectativa de vida aumentou na maior parte dos países. Graças a gigantes invenções da medicina (os antibióticos e as vacinas são dois exemplos) e à melhoria das condições de trabalho e moradia e do acesso a água encanada e esgoto. Pela primeira vez na história humana, as pessoas com 65 anos ou mais devem se tornar mais numerosas que as menores de 5 anos.

O ponto levantado por Natasha é interessante: do jeito que as coisas vão, talvez não possamos nos dar ao luxo de viver tanto. Em muitos países, o número de idosos com direito a aposentadorias públicas, serviços de saúde e cuidados prolongados deve superar, em breve, a força de trabalho. ….. Em seu artigo, Natasha faz uma sugestão compatível com o tamanho do problema: grupos e organizações internacionais influentes deveriam assumir o envelhecimento como uma causa, a exemplo do que fizeram com o ambiente. ….. Se nada for feito, dificilmente conseguiremos resolver a equação complicada que nos aguarda: na próxima década, teremos mais idosos, mais doenças crônicas, mais custos.

O Brasil enfrentará esse desafio e também a tentação de adotar novas, maravilhosas e caras tecnologias. Em 2020, as pessoas com mais de 60 anos serão 14% da população (atualmente são 10%).

No plano individual, isso é bom.

Para o sistema de saúde, isso é ruim.

Antigamente, bastava dar antibióticos e despachar os doentes para casa.

Havia dois desfechos possíveis: eles saravam ou morriam.

Nas próximas décadas, será cada vez maior o contingente de pessoas que precisarão de cuidados médicos e remédios caros por muito tempo.

Teremos uma vida longa e cheia de remedinhos. As principais preocupações de saúde serão obesidade, os males cardiovasculares, o câncer e as doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Além das doenças crônicas que se tornarão mais frequentes, sempre haverá o imponderável – o surgimento de vírus e doenças.

Quer um exemplo? Nos anos 80, os médicos achavam que doenças infecciosas como a gripe seriam controladas e o câncer seria o grande problema.

Hoje, muitos tumores são curados e há pessoas morrendo com novas formas de gripe. O Brasil só vai conseguir enfrentar o desafio imposto pelo envelhecimento da população se cada um de nós tiver consciência de que vai ser preciso gastar cada vez mais dinheiro com saúde.

Isso é inevitável.

Vamos gastar mais no plano individual (na parcela do orçamento familiar destinada às despesas de saúde) e no plano coletivo (na parcela dos impostos destinados a essa área). O que me assusta é perceber que poucos brasileiros acham que estar preparado financeiramente para enfrentar uma doença inesperada é uma excelente razão para poupar dinheiro.

O que vemos atualmente é uma gastança e um endividamento generalizados.

É compreensível que as novas classes C e D, compostas por gente que nunca teve acesso aos bens de consumo, queiram consumir hoje tudo o que podem. O consumo é bom.

Movimenta a economia, alegra as famílias, estimula o trabalhador a conquistar o que deseja.

Mas a falta de cultura da poupança não contribui para o equilíbrio do orçamento doméstico.

O que vai acontecer se alguém ficar doente por muitos meses e não puder trabalhar?

Ou se alguém sofrer um acidente e ficar incapacitado?

A família vai perambular pelo SUS ou vai pagar um atendimento particular com tênis de marca, perfume importado, celular top de linha ou carro do ano adquirido em 60 meses? O número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil, considerando todos os tipos de empréstimo, saltou de 10 milhões para 25,7 milhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central.

O total pode ser muito maior porque ele não considera os cidadãos que não têm conta em banco – cerca de metade da população. Muitos trabalhadores de baixa renda estão absolutamente deslumbrados com as novas oportunidades de consumo.

….

Será que isso vai acabar bem?

O mais injusto nessa história toda é que os longos crediários e os parcelamentos das faturas de cartão de crédito (nos quais estão embutidos juros altíssimos) prosperam graças à ignorância matemática de grande parte da população.

Os pobres e a nova classe C não sabem fazer contas simples.

Estão gastando o que têm e o que não têm.

Precisam, urgentemente, aprender a planejar o futuro.

Pelo bem de sua saúde.”

Cristiane Segatto, Revista Época – outubro/2010